Matriz produto-processo: Entenda como usar e sua importância
A matriz produto-processo é um fator importante para as empresas se ajustarem ao modelo de mercado que pretendem atender, pois ela nos permite definir o tipo de produção de uma organização, assim como também nos ajuda a organizar o processo produtivo com base em suas características.
Quando entendemos a caracterização de um processo se torna mais fácil conseguir alinhar uma estratégia de produção mais adequada, fazendo com que o fluxo de linha seja conectado e permitindo assim um fluxo contínuo de produção.
Quer entender mais sobre a matriz produto-processo? Confira o texto até o final e aprenda como fazer uso desse conceito de modo correto e adequado à empresa em que você atua.
O que é matriz produto-processo
A matriz produto-processo surgiu em 1979 e foi criada por Robert H. Hayes e Steven C. Wheelwright, sendo a matriz publicada em dois artigos renomados de gerenciamento publicados pela Harvard, onde um artigo recebe o título de “Link Manufacturing Process and Product life Cycles” e o outro é intitulado como “The Dynamics of Process-Product Life Cycles“.
Essa matriz foi criada e publicada com o intuito de avaliar quais eram as reais proporções entre as fábricas e o mercado, fazendo com que assim fosse possível definir estratégias de produção para as organizações. Além disso, a matriz produto-processo ajuda as empresas na identificação do seu tipo de abordagem produtiva que devem usar para produzir seus bens ou fornecer os seus serviços.
As principais variáveis desse tipo de matriz consistem no volume de produção e sua quantidade, sendo ela definida em dois grupos: estrutura do produto (ciclo de vida do produto) e estrutura do processo (ciclo de vida do processo).
A estrutura do produto tem como finalidade descrever a escolha do processo e definir como ele será estruturado. O processo pode ser oficina, lote e linha de montagem e a sua estruturação pode ocorrer por meio de fluxo confuso, fluxo de linha desconectado, fluxo de linha conectado e fluxo contínuo.
Essa estrutura descreve os quatro estágios principais do ciclo de vida do produto, assim como também define qual é o seu grau de padronização, variando de alta para baixa, nos ajudando assim a definir o tipo de processo com maior facilidade.
4 estágios do ciclo de vida do produto
Os estágios do ciclo de vida do produto são etapas pelas quais um produto passa durante toda a sua existência. Esses estágios são definidos como: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
1º – Introdução
Durante esse período ocorre o lançamento do produto no mercado. A tendência é que no início o alcance e reconhecimento de um produto novo seja baixo, possuindo assim um baixo número de vendas e apresentando um crescimento um pouco mais lento.
Além do baixo crescimento nesse período, no momento de introdução de um produto ao mercado a produção também é reduzida, pois não podemos prever de forma 100% segura que o produto será bem aceito pelo mercado.
2º – Crescimento
Na fase de crescimento o produto já possui estratégias de marketing mais estruturadas e começa a ganhar clientes, conquistando assim reconhecimento no mercado e conseguindo assim um maior número de vendas.
Assim como aumentam as vendas e a lucratividade, nessa etapa é comum também que haja o aumento da concorrência por parte de produtos ou serviços semelhantes.
3º – Maturidade
O estágio de maturidade consiste em uma fase em que o produto já se encontra estável no mercado, contando assim com um bom número de vendas. Em decorrência disso, os lucros e demandas tendem a cair, assim como a concorrência tende a aumentar, levando a empresa a desenvolver novas estratégias de marketing e até mesmo reformulação dos seus produtos e serviços.
4º – Declínio
A fase de declínio consiste na queda do número de vendas e lucros por conta da rejeição do produto no mercado. Com isso, outros produtos concorrentes tendem a surgir e se tornar líderes. É importante que na fase de declínio a empresa crie um planejamento para outros produtos ou serviços que estejam sendo mais rentáveis.
Caracterização de processo
A caracterização de processo se dá por meio da região em que a empresa se encontra na matriz produto-processo, onde o ciclo de vida do produto e o processo de produção auxiliam na definição.
Em uma matriz produto-processo, o extremo superior esquerdo está relacionado ao processo, enquanto o extremo inferior direito possui foco no produto.
Ao contrário do que muitos pensam, a definição da localização da empresa não ocorre com base no que se acha, mas sim com base no sistema de produção atual da empresa e suas características.
Tipos de processos
Os processos são classificados de acordo com o tipo de produção em manufatura de produtos e serviços. Toda empresa precisa conhecer o seu tipo de processo, pois isso auxilia na escolha de estratégias adequadas para que ela consiga atender à demanda do mercado.
Os processos podem ser definidos como processos de projeto, jobbing, batelada (lote), massa e contínuo.
Project
Um processo baseado em projetos geralmente está localizado no canto superior esquerdo da matriz produto-processo. Esse processo tem como principal característica a produção de produtos únicos e de larga escala, como são os casos de contratos da área de construção civil, programas aeroespaciais e outros projetos personalizados.
O processo de projeto também possui um alto grau de personalização e demoram mais tempo para serem concluídos, justamente pelo fato da possibilidade de flexibilização da produção. Tudo isso exige mão de obra qualificada e gera facilidade para supervisionar os produtos finais que são obtidos no processo.
Job Shop
Um processo de job é caracterizado pela variedade de produção, mas com um volume mais baixo, assim como funciona o processo por projeto. No entanto, diferente de projetos, um processo de jobbing produz mais itens por geralmente serem produtos menores e há compartilhamento de recursos em sua produção (o que não ocorre em projetos).
Esse processo exige uma alta qualificação da mão de obra e a supervisão do produto final se torna mais fácil.
Batch ou Batelada
Muitos profissionais da área de produção acreditam que batelada e lote são a mesma coisa, porém esses conceitos não são sinônimos e possuem aplicações diferentes. Nos referimos a lotes quando temos bens físicos sendo produzidos, onde conseguimos quantificar, separar e identificar.
Já o termo batelada é utilizado para a produção de bens que não conseguimos separar ou quantificar, como ocorre com a produção de tinta, por exemplo.
Empresas que trabalham com esse tipo de processo produzem produtos semelhantes e em grandes volumes. As máquinas presentes no processo por lote são configuradas para produzir em alto volume, pois não compensa produzir menos.
Por ser um processo que produz vários produtos de uma só vez, cada etapa possui operações que se repetem enquanto o lote está sendo produzido.
Uma das características do processo por batelada é a facilidade em rastrear produtos ou lotes defeituosos, já que cada lote é produzido por vez, fazendo com que qualquer falha seja identificada de modo mais rápido e haja o recolhimento do lote que sairia para o mercado.
Esse processo possui uma média flexibilidade na produção, etapas de processos até ser gerado o produto final, média qualificação da mão de obra, supervisão da produção um pouco mais complicada, prazos curtos para a produção e tempo de produção balanceado.
Line
Line é o processo ideal para as linhas de montagem, que são caracterizadas como produção em massa. A produção em massa consiste em uma produção empurrada, onde o sistema produtivo é empurrado mesmo sem haver a demanda para tal.
Pessoas que trabalham em um sistema de produção em massa executam sempre as mesmas operações do processo para cada etapa da produção, onde esse fluxo deve seguir de modo totalmente padronizado e de forma ininterrupta.
Empresas com esse tipo de processo geralmente precisam ter uma linha de montagem automatizada, que possua tecnologias específicas para a execução do processo. Além disso, a mão de obra nesse processo não precisa ser muito especializada.
Na maioria das vezes, as entradas e saídas são iguais no processo line, o tempo produtivo é constante e o fluxo de trabalho é contínuo. As principais características desse processo são a padronização, alto volume produtivo, baixa flexibilidade, custo de produção mais baixo e supervisão mais complexa.
Contínuo
O processo contínuo é próximo ao processo line, mas a diferença é que o contínuo produz volumes muito maiores e a sua variedade é muito mais baixa. Esse processo nunca é interrompido, operando por períodos longos e sem interrupções. Além disso, o sistema contínuo possui produtos inseparáveis e muitos deles são intangíveis, como é o caso da energia elétrica.
Assim como a produção em massa, o contínuo tem uma flexibilidade extremamente baixa, produtos padronizados, baixa qualificação da mão de obra e complexa supervisão de produção. É uma característica desse processo a necessidade de controlar o produto final através de testes e indicadores
Tipos de fluxos
Fluxo confuso
O processo Job Shop se caracteriza como fluxo confuso. Isso se dá pelo fato de ocorrer a produção de pequenos lotes com uma grande variedade de fluxos por toda a planta produtiva. Essa variedade de produção se classifica como fluxo confuso, onde os setups de máquinas são mais comuns.
Linha de fluxo desconectada
No fluxo desconectado ocorre a produção de lotes em número limitado de caminhos a serem feitos na fábrica. Nesse modelo de linha, mesmo os caminhos sendo diferentes, as estações de cada etapa individual da linha não possuem conexão para que os materiais possam ser sequenciados e isso faz com que estoques entre as etapas sejam formados.
Linha de fluxo conectada
A linha conectada é a linha de montagem em série criada por Henry Ford. Nesse fluxo o produto é fabricado e montado por toda a linha de montagem, sem flexibilidade e sem interrupções, já que todas as etapas são conectadas e alimentadas com materiais para a montagem em um ritmo contínuo de produção.
Fluxo contínuo
O fluxo contínuo é aquele em que o produto fabricado flui de forma contínua e automática por meio da rota produtiva. Esse fluxo é amplamente utilizado em fábricas de produtos alimentícios, pois o fluxo contínuo permite alta eficiência e gera um produto mais uniforme.
A importância de utilizar a matriz produto-processo
A matriz produto-processo pode ajudar uma empresa em diversos aspectos, principalmente por ajudar a envolver os gerentes de produção no processo de planejamento da empresa para que seja possível entender as oportunidades de mercado e ajudar assim na tomada de decisão de modo mais eficiente.
Esse suporte pode ser dado às mais diversas áreas da empresa, seja na área de marketing, administração e principalmente na produção, já que a matriz, se bem analisada, nos fornece mais informações sobre mudanças de setores e nos permite criar estratégias mais apropriadas para a empresa em questão.
A matriz produto-processo é importante pois pode nos ajudar em:
- Fazer análises de entrada e saída de produtos;
- Definir qual é a combinação mais adequada do tipo de produção de acordo com as instalações de fabricação;
- Ajuda na identificação dos principais objetivos de fabricação da planta, além de auxiliar no monitoramento e evolução de tais objetivos;
- Nos permite revisar as decisões de investimentos na empresa;
- Ajuda na definição da direção em momentos de mudança do processo produtivo;
- Auxilia na identificação de oportunidades de produtos e do mercado de acordo com as capacidades produtivas da empresa;
- Contribui para a criação de novos produtos de acordo com as oportunidades do mercado e do tipo de processo e estrutura do sistema de produção da empresa.
Concluindo
Entender a matriz produto-processo que é aplicada aos sistemas produtivos para a geração de bens e serviços é essencial para avaliar se o sistema de produção da organização está sendo o mais adequado ou não. Além disso, essa matriz é essencial quando o assunto é a criação de um planejamento para o sistema de produção de uma nova empresa.
É importante saber que não é possível levar em consideração todas as variáveis que acabam influenciando os tipos de processos. Com isso, ao simplificar o sistema por meio de uma modelagem em suas características fica mais fácil de compreender quais são de fato as variáveis essenciais do sistema de produção, tornando assim a organização dos processos mais eficiente.
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