O que é Produção Puxada?
Nos últimos tempos a produção puxada tem sido muito utilizada para focar no ritmo de produção acionado a cada conjunto de pedidos realizados pelos clientes. Ela também pode ser planejada perante uma demanda real e latente evitando desperdícios e acúmulo de estoque.
Permite o controle de produção em todas as atividades relacionadas ao fluxo, à logística de suprimento, ao valor agregado e demais condições de elaboração e fabricação do produto.
Objetivos da produção puxada
Por se tratar de um método de controle de produção, proporciona a possibilidade de aplicar uma operação que utiliza o tempo (lead time), os insumos e as características necessárias sem criar excesso de unidades a serem apresentadas e disponibilizadas no mercado.
Ela é considerada um dos principais sistemas de produção do JIT (Just In Time). O fluxo de produção depende da quantidade solicitada e demandada pelo cliente sem depender somente das expectativas de vendas ainda não atribuídas.
Na prática, é o oposto da produção empurrada que produz incentivando a criação de demanda.
Sistemas de produção
Genericamente, os sistemas de produção de produtos visam transformar matéria-prima, projetos e ideias de melhorias aplicáveis na elaboração, criação e disposição de produtos que sejam úteis para os clientes.
A seguir apresentamos diferentes sistemas e ferramentas conceituadas de projeção de produção muito aplicáveis nos últimos tempos.
Lead time
No contexto da produção puxada, o lead time tem sido muito inserido para otimizar os esforços da engenharia de produção. O principal foco do lead time é alcançar maior precisão no cálculo dos processos de entregas de mercadorias.
Ele busca garantir maior domínio sobre os procedimentos, além de indicadores mais exatos a respeito de estoque e compras reais e planejados.
Por outro lado, o principal objetivo do lead time, no campo logístico, é ampliar a visão sobre o período de tempo que passa entre a chegada de um pedido e a entrega do produto ao cliente, sendo esta uma dimensão mais reduzida do conceito dessa metodologia.
Na prática, quanto menor o período do lead time, melhor será o resultado e o atendimento para o cliente. O grande desafio para as empresas é o que fazer para reduzi-lo.
Para reduzir o tempo da entrega, elevar o estoque pode ser uma solução, mas administrar alto nível de estoque gera custos administrativos para as empresas além do próprio custo do material, o que afasta a empresa do conceito da produção puxada. Portanto, o lead time deve ser adaptado à função de produzir para atender a uma demanda real do cliente.
O MRP
Esse sistema é computadorizado, sendo ele utilizado para controle de inventário e produção. O seu principal objetivo é otimizar a gestão do estoque e reduzir custos. A tradução de MRP é Material Requirements Planning ou Planejamento de Requisitos dos Materiais.
Porém, é necessário que ele esteja interligado com o departamento de vendas para se obter o pleno potencial do sistema. O MRP também é baseado em vendas e pedidos. Também precisa manter comunicação com a entrada de materiais para informar ao gestor quando os níveis estão muito baixos quando ocorrer uma rápida elevação de demanda.
Normalmente, o sistema MRP é mantido com dados sobre o calendário de produção, estoque de segurança e a base de clientes recorrentes.
Dentre os dados recorrentes ele se baseia nas informações de índices de performance e dados para compra de matéria-prima.
O MRP é indicado para empresas que utilizam material ou componente instável durante o ciclo normal da empresa.
É bom utilizar o MRP?
Isso depende do perfil da empresa e de seu mercado. Ele pode apresentar algumas desvantagens como a sobrecarga de informações.
Mas, dentre os benefícios, ele ajuda bastante a otimizar os custos de aquisição incentivando a empresa a comprar quantidades menores mas de maneira com determinada freqüência.
Quando bem empregado, o MRP gera um estoque de segurança bem menor do que o habitual. Também permite controlar melhor a produção e as encomendas.
Na prática, o MRP oferece ótimas estratégias para empresas que dependam de vários fornecedores de matéria-prima.
Pull system ou PTM
O sistema pull refere-se a um tipo de estratégia que reduz a quantidade insumos e simplifica os processos de produção. Permite que os componentes usados no processo de fabricação sejam substituídos apenas quando consumidos. Também é conhecido como PTM – Pull Though Manufacturing ou Manufatura de Produção Puxada.
Na prática, a empresa pode produzir apenas produtos suficientes para atender à demanda do cliente. Portanto, é uma estratégia que reforça um planejamento de produção puxada e de JIT.
Mas, lembramos que o sistema pull é uma técnica Lean para reduzir o desperdício de qualquer processo de produção. É importante lembrar que neste contexto a voz do cliente é crucial para entender o que agrega ou não valor para ele.
Dentre os benefícios podemos mencionar que a produção somente inicia quando acontece um pedido por parte do cliente. Esse fator estimula a empresa a otimizar os custos de armazenamento.
O objetivo do PTM
A partir dos anos 1940, surgiram sistemas de fabricação enxuta para reduzir custos, tempos e operações. Um sistema PTM oferece a possibilidade de criação de um fluxo de trabalho em que o trabalho é puxado apenas se houver demanda.
Ao implementar um sistemas pull, é possível criar produtos baseados na demanda real. Dessa maneira, a empresa pode se concentrar na eliminação de atividades de desperdício no processo de produção sem gerar excesso de estoque.
Sistema PTM na Apple
Como bom exemplo de produção puxada ou pull podemos citar a Apple. Mesmo em épocas de lançamentos com clientes fazendo filas nas lojas da fabricante a empresa somente eleva o seu fluxo de produção quando a demanda de fato aumenta.
A Apple trabalha com a geração de valores como inovação, novidade, simplificação, comunicação e status de produtos para manter a atenção de seus fiéis clientes.
Mas, o que é JIT?
O JIT (Just in Time) refere-se a um modelo produtivo no qual os os produtos são produzidos para atender às demandas reais.
No JIT não existe estratégias de estocagem excessiva. Um exemplo desta estratégia são as montadoras de carros que tem este modelo com os seus fornecedores, que precisam entregar produtos em data e hora definidos, fazendo com que as montadoras não tenham estoques internos.
O que é Push System?
É referente a produção empurrada, a partir da qual a produção de uma empresa é baseada na demanda antecipada e planejada. Caso a demanda planejada não aconteça a empresa pode sofre perdas de inventário, custos de armazenagem e barreiras de mercado. Ainda é muito comum no mercado brasileiro onde as empresas tem o conceito de que máquina parada é sinônimo de prejuízo, mesmo que não haja pedido do cliente para produzir.
Esta é oriunda do termo em inglês “push system”, neste sistema de produção o ritmo é ditado pelo comportamento do mercado, das projeções de vendas e dos medos e incertezas sobre as máquinas e processos.
Nessa estratégia o sistema de produção começa antes da ocorrência da demanda pelo produto. Assim, a produção não depende de uma ordem anteriormente enviada, geralmente advinda de um sistema MRP (Material Requirements Planning).
O aspecto marcante deste tipo de produção é que as empresas produzem apostando em cenários futuros, e normalmente neste modelo o volume de estoque intermediário e final são maiores do que o necessários.
Como gerenciar um sistema de produção?
No caso de um sistema puxado, é necessário investir em estratégias de fabricação, mas também no desenvolvimento de software, suporte ao cliente e inovação.
Dessa forma o sistema pull incentiva os trabalhadores a realizarem as próximas etapas se tiverem capacidade, mecanismos e demanda real para tal motivo.
Sistemas puxados demandam que a liderança e a operação mantenham um profunda disciplina para não gerar material desnecessário durante momentos em que as máquinas estarão fora de operação devido a ausência de puxada do cliente.
O sistema Kanban
Por fim, podemos falar no sistema kanban. Este apresenta uma metodologia que permite ações e controlar as operações nos processo de produção e atendimento.
O termo tem origem do idioma japonês e significa “cartão de visita”. Começou a ser utilizado depois da Segunda Guerra Mundial para reavaliar o fluxo de produção industrial.
Nos anos 1950, os japoneses da empresa Toyota foram visitar os EUA para conhecer como funcionava as linhas de produção de automóveis para reforçar os parques produtivos do Japão que estava arrasado no pós-guerra.
Naquela época, os norte-americanos seguiam o fordismo e o taylorismo baseados na fabricação máxima de itens e a redução da ociosidade com alto custo de armazenagem.
Os norte-americanos trabalhavam com a produção em massa e empurrada, com muito estoque para vender os departamentos de vendas e marketing precisavam se esforçar muito para vender os produtos e os itens para os clientes.
Benefícios da produção puxada (PTM)
A produção puxada é benéfica por permitir o controle de operações fabris sem geração de estoque de forma desorganizada. Diferente do sistema de produção empurrada, o fluxo de materiais ganha relevante importância.
O que incentivo o início da produção é a demanda real do cliente, avaliando a quantidade de produtos vendidos aos clientes e as quantidades a serem repostas.
Nos últimos setenta anos, a demanda deixou de ser considerada infinita e o mercado passou a exigir mais qualidade.
Veja abaixo um pequeno trecho do artigo onde o dono das lojas Riachuelo fala da implantação e benefícios do sistema puxado implantado:
Com as mudanças, atualmente, apenas 30% dos insumos são comprados antes do lançamento de uma coleção, e o ritmo de reposição das peças é “puxado”, como diz Rocha, pelo ritmo de vendas nas lojas — e não “empurrado” pela produção da fábrica. “Os preços mais baixos nas liquidações fazem os varejistas perder margem. A Riachuelo está conseguindo evitar isso com uma melhor distribuição de produtos nas lojas” .
Leia mais: Como a redução de custos ajudou a Riachuelo!
Conclusão
Portanto, em tempos de redução de custos e otimização de capital, é fundamental que as empresas escolham as táticas mais corretas para criação, produção e venda de seus produtos.
É fundamental repensar as políticas de estocagem, armazenamento e distribuição.
Numa visão genérica, as empresas que mais crescem são aquelas que focam nos clientes, nas suas necessidades e reais demandas. Produzir muito sem ter certeza se encontrará mercados poderá se tornar num risco com prováveis perdas.